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Cinema E Quadrinhos / Sin City

junho 14, 2008

As adaptações cinematográficas de cômics (hq) têm aumentado substancialmente nos últimos anos, entre os mais conhecidos estão: O Homem Aranha, X-man, Batman, Super Homem e também Sin City.

A história em quadrinhos e o cinema como conhecemos hoje são linguagens que começaram a se desenvolver praticamente juntas, no final do século XIX. O sucesso dessas linguagens remete-se ao avanço tecnológico e a Revolução industrial, pois é nela que observamos o surgimento da cultura de massa, melhor explicado por Moacy Cirne, autor de vários livros sobre hqs, que diz que o surgimento dessas linguagens “sob o impacto criador de uma tecnologia em desenvolvimento e de uma problemática sócio-cultural marcada por uma nascente sociedade de massas, apresentam muitos pontos estruturados pelo mesmo denominador comum.” Algumas características de cada um se entrelaçam, entre eles podemos citar: iluminação, plônges e contraplônges, enquadramento, profundidade de campo, elipses, entre outras.

Apesar de existir uma relação antiga entre cinema e quadrinhos, essa relação só foi melhor percebida pelo grande público no final dos anos 80, principalmente depois do filme Batman do Tim Burton em 1989, que atingiu grande sucesso. A partir daí surgem muitos filmes de sucesso que trazem a relação cinema\quadrinhos, do filme “O Fantasma” ao “Homem Aranha”

Segundo Douglas Kellner (A cultura da Mídia,2001), a cultura da mídia está baseada em modelos, códigos e fórmulas voltadas para o consumo de massa, e seguindo esse pensamento, a Professora Doutora Selma Regina Nunes Oliveira, do departamento de audiovisual e comunicação da universidade de Brasília (UNB), formula o seguinte comentário:

“(…) a cultura da mídia produz novas subjetividades, assim como linguagens cada vez mais híbridas que anulam as distinções existentes entre realidade e imagem, ao mesmo tempo em que cria conteúdos que circulam nos meios de comunicação, seguindo os conceitos da sinergia e adaptabilidade.”

Assim observamos um jogo aleatório da transmissão direta de informação, dos quadrinhos para o cinema, do cinema para jogos eletrônicos e vice e versa, onde o rompimento das estruturas tradicionais é facilmente proposto e aceito devido a sensibilidade do publico ao pré-reconhecimento através das outras mídias.

Sin City

O romancista gráfico Frank Miller é o criador, escritor e ilustrador, da série Sin City, uma história em quadrinhos que conta a história de uma cidade decrépita, povoada por criminosos e prostitutas, em que o poder judicial e político é mais corrupto que a própria máfia. Da hq surgiu então o filme, dirigido pelo cineasta Robert Rodrigues e co-dirigido pelo próprio Frank Miller.

Não por acaso o filme é declaradamente um filme noir. Filmado totalmente em preto e branco, com apenas alguns elementos de destaque coloridos digitalmente, o filme possui uma atmosfera obscura, sombria, mas não é só isso que o caracteriza como um filme noir, pois também as graphic novels de Frank Miller são ilustradas em contrastes de preto e branco, luz e sobra.

A dramatização dos personagens em seus conflitos pessoais também faz parte das semelhanças do filme em questão com o cinema noir, entre eles a representação da Femme Fatale em todas as seqüências: a dama de vermelho, Goldie, e duas outras prostitutas; e também os temas envolvendo dramas policiais.

O filme foi produzido buscando o máximo de fidelidade aos quadrinhos, o que torna a narrativa um pouco precária, principalmente pela saturação do voice-over que acaba por ser um instrumento para a tentativa de construção de uma narrativa que funciona bem nos quadrinhos, mas que no cinema desvirtua o poder da imagem. Assim podemos afirmar que o filme não possui um bom exercício narrativo, mas por outro lado é uma forte experiência visual.

 

Como podemos ver todo o posicionamento da câmera nas filmagens saíram da hq, mas não quer dizer que esses enquadramentos surgiram dos quadrinhos, Francis Lacassin diz que procedimentos “cinematográficos” como plongê e profundidade de campo já existiam em quadrinhos de 1889, portanto anterior ao cinema. Já Umberto Eco afirma que “no plano do enquadramento os comics sempre estiveram na dependência da linguagem cinematográfica.” De qualquer forma, o cinema determinou ideologicamente o emprego dos recursos expressionais nos quadrinhos. mas isso reafirma a idéia onde as duas linguagens sempre foram relacionadas de alguma forma durante sua evolução e assim se influenciaram reciprocamente.

Postado por: João Gabriel Koepke

 

 

Um comentário

  1. Ok. Este post valeu 2 horas de atividades complementares para você.



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